segunda-feira, junho 30, 2008

mas vou

Tou nem aí
Agora vou fazer só
O que me der na telha
Vou me agradar pra sempre
Ao menos enquanto durar
Essa centelha.

sábado, junho 28, 2008

Ele, o amor...

Hoje o amor
amarrou
os farrapos
e pôs
o tempo
dentro do
passado

Hoje me fiz
presente
me enviei
de repente
pra um lugar
escondido

perigo

O amor, hoje,
alinhou:
par a elos
e desordenou
os fusos
daquele eterno
futuro

O amor
finalmente
nascente
se fez jardim
e até agora
desaflora
em mim

sexta-feira, junho 27, 2008

O sorriso de Alice

O gato de Alice não sorri mais
Mas o gato de Alice não existe
Ele é apenas o espectro dos seus sonhos
Alice vive no mundo real
Olhando as estrelas que caem
E desejando sorrir mais

O gato de Alice não sorri mais
Ele se assustou com a maldade dos homens
Ele balança o rabo e se estica na grama
Olhando o mundo que cai
E desejando que Alice não sofra mais

parceria com meu querido amigo Fábio Mob,
que escreve sobre cinema aqui.

quinta-feira, junho 26, 2008

velejando a morte

Até quero ir,
mas quero ir em cova coletiva
cravejada de encantos falidos,
bandas fora de moda,
livros de bolso
e notas televisivas.

Até quero ir,
mas quero ir como quem volta,
e vai dando as costas
para os adeuses.
Assim como o barco
faz com o cais,
caio numa pétala se for.

E se acaso eu flor,
deixo esse longa-metade
baseado em fatos
e boatos

surreais.



[Múcio&Alex Pinheiro]

quarta-feira, junho 25, 2008

silêncio

Faz-se muito silêncio.
Não que isso não seja bom
mas é impróprio
torna-se nocivo
aos nossos corações

Pode me pedir para cantar
o hino da USSR
peça-me também para ler
bulas de remédio
mas, por favor,
não me peça silêncio.

Peço-te que me escutes
que estejas presente
pois essas ausências
machucam tudo o que
estar por vir.

Ainda e agora
quero que saibas
que tudo o que sinto
é novo e estranho
de um momento sem fim.



parceria com o querido Luiz Guilherme Amaral, que escreve aqui

terça-feira, junho 24, 2008

Verdade purinha

Era um santo, nem assim tão santo,
mas, ainda assim, santo, que desceu
do éter infestado de pedidos, lamúrias
e promessas para resolver as pendências
de um milagre digno de Cristo para Lázaro.

Costurar um manto sagrado, a sua missão
desafiadora um tanto, tanto que desfiou
até calejarem as asas sem pena ou pranto,
um santo fardo de um pano de vento
que curaria dos ébrios a sede e o lamento.

Mas um tal bêbado não queria saber de roupa,
de manto, de robe, de capa, qualquer coisa
de cobertura para a nudez desnuda e sem
vergonha – o álcool censura a censura
do pudor mundano que veste de moral
moralista o sujeito. Então o santo, que
não era tão santo assim desde o primeiro
verso, aderiu à braba birita e saiu também
pelado, cantarolando nu, pela avenida.

E os dois ali, reverenciando o álcool,
contrariando Alá e se sentindo algo,
festejando o eu - aquele outro Deus,
pelos bares e bares e breus da cidade.

Pronto! Estava feito o milagre milagrento,
ainda que o santo não soubesse que estava
feito e que o autor fosse um ateu bêbado.

(Deus age de maneiras misteriosas;
idem a cachaça).



parceria com o inigualável Remo, que escreve acolá

segunda-feira, junho 23, 2008

pinga ni mim

calma, não vá embora assim
a gente precisa de tempo
precisa de alento
que o céu mande uma pista

calma, não desista de mim
eu só preciso de palmas
preciso dumas boas almas
alguém que me assista

Calma, fica até o fim
Ao menos conte até cem
O que eu preciso é de alguém
Alguém que insista
Em mim.

parceria com a adorável miré, que escreve aqui.

sábado, junho 21, 2008

verso

vivo em noites dias
enluarando sóis, coração fugaz

vivo em dúvidas, vias...
de visita a mim mesmo, inconstante demais

tenho um vôo raso
sem norte, sem bússola
ao tempo e ao léu, sigo sem morada

tenho um tempo claro
que de pronto, num estalo
se transforma em madrugada

sofro, logo existo
sinto e o pecado é vão
perco-me, acho-me, desconexa canção

sofro, improviso uma linha
minto de mentirinha
volto e estendo a mão

e a cada dia novo eu me nasce do senão.

(alhi & moacir)

sexta-feira, junho 20, 2008

Matutino

Mar... e nada de novo.
E água e sol e sal.
Calmaria...
tudo parece normal.

Brisa... e um novo sopro.
E luz e bem e mal.
Magia...
nada parece real.

Corpos vão e vêm.
Sincronia...
tudo tão natural.

É mágico o momento
feito de pausas e vento,
feito de vida, afinal.

[moacir & mary]

quinta-feira, junho 19, 2008

Das antigas

Doer é coisa antiga
Vem de muito tempo atrás
Mãezinha já me dizia
"A vida é uma dor"

E é dor que vai além
Dessa sabedoria
Vinda das cantigas
Que falam de amor

Eu nem sabia o que era amor
Mas dor eu já sentia
Você nem existia
E doer já doía

Milênios, mil dias,
ontens, hojes, amanhãs;
dor é coisa com passado
que ignora nossos afãs.

Doer é coisa antiga,
e faz tempo que incomoda,
esse grande clássico
que nunca sai de moda.


[fejones & mucius]

quarta-feira, junho 18, 2008

picture of love

eu nada sou
sem ela
empty soul
um quarto vazio
dia sem sol

ela nada é
sem mim
broken heart
um suspiro vadio
noite sem fim

somos eu
e ela
uma love story
eu pincel
ela aquarela

[alhi & mary]

terça-feira, junho 17, 2008

banho de sol (2)

amanhã
pés descalços na areia
brisa quente nos cabelos
gotas de sal na boca
raios de sol entre os dedos
verão que desnorteia
a manhã

à manhã
verão o que incendeia
as vitórias sobre os medos
a sanidade de ser louca
e a pele pelos pêlos
dessa tarde que alardeia
amanhã
[mary & jardim]

segunda-feira, junho 16, 2008

sing along

quero fazer com você
um poema
do tipo ping-pong,
nada made in Taiwan,
nem Hong Kong.
quero um poema
que cale fundo,
que salve o mundo,
um poema ONG!
algo estilo Sting,
um poema estilingue
longo alcance,
algo entre BB King
e love song,
um poema very strong,
no mesmo ringue
Holyfield e King Kong,
quero fazer com você
um poema
do tipo ping-pong
algo que revolucione,
misture Caymmi com Alcione,
algo que não cale nada
um poema
gramofone.
[cza&mu]

domingo, junho 15, 2008

Campo minado

Os rumos que a vida toma
ou nossa morte iminente
simplesmente não dependem da gente.

Tudo começa
com o primeiro passo
embora nos falte tempo e espaço.

Estamos todos num campo minado
temendo pisar no lugar errado
e querendo mais que todos se matem.

As armadilhas, Deus as criou
e num estranho reality-show
nos transforma em personagens.

Não pedimos pra nascer
nem escolhemos onde, nem sabemos por quê;
tudo que nos resta é sobreviver.

[Fejones & Moacir]

sábado, junho 14, 2008

Reforma

Por mim não tem problema,
é sempre novo um poema,
mesmo quando nasce do que já existe,
mesmo quando há um dilema,
é como um som que persiste.

Todo novo é sempre um velho tema,
mesmo se ninguém ainda o disse
do jeitinho em que ele insiste,
de outra forma já inspirou a pena
de quem que sentiu como sentiste.

Nada se cria, tudo se transforma?
Então, poetas, à bigorna,
pois o mundo como hoje se apresenta
é soneto sem rima nem emenda,

é uma coletiva obra-prima
feita do que do que falta e do que sobra.
Eis que toda a matéria ainda é viva
quando um poeta a contorna.

Façamos então fôrma à forma...

(Grande Garden & moacircaetano)

sexta-feira, junho 13, 2008

primitiva (2)

sou a mulher das cavernas
que vai para a floresta
caçar grilos
e dançar com lobos

sou homo erecta sobre as próprias pernas
que pinta a testa
e lança gritos
para amansar os bobos.

(czá + mary)

quinta-feira, junho 12, 2008

solares

amores
se hacen
en
dolores

dolores
de
colores

colares
de mil
cores

calares
pelas
calles

millares
de millas
y
de amores

ao som
de flautas
e flores

[Mu & Moa]


quarta-feira, junho 11, 2008

indo!

eu vou andando atrás do trio elétrico
pois só não vai quem já morreu
e vaso ruim não quebra

sigo vagando pelas linhas tortas
pra ver se eu encontro Deus
ou as escritas certas

e do que me adianta
essa busca tamanha
se não sei para onde vou

vou andando, correndo
só sei vou!
e tu? porque não vais?
siga o trio ou busque alguém
apenas corra e não morra.


(aline+fejones)

terça-feira, junho 10, 2008

a conquista da derrota

Perdi a pressa
pra essa onda de acúmulo
e calma e risco e vínculo
do que ganho em minhas perdas.

Perdi a guerra, a graça,
ao cair do pano
em plena praça,
e nada mais me interessa.

[Múcio & Jardim]

segunda-feira, junho 09, 2008

todas as cores

traga todas as cores
do branco ao anil
e sente-se aqui, ao meu lado.
vamos tecê-las
pra não entristecer
o verde solitário do seu gramado
seja livre e ouse o que quiser
crie, aprecie e nao se limite.
tem que ser como for
tropeço ou flor
algo em que você se mire
mas não esqueça jamais
que cores são cãnções no papel
quanto mais coloridas
mais lembranças nos trazem.

(aline + czarina)

domingo, junho 08, 2008

O pulo

O pulo do tempo
tirou do impulso
o pulso e o poema

Uma força contrária
lhe trouxe à mente
o ser e o sentir

Um fechar de olhos
secou no momento
a lágrima e a história

A perda do tema
atirou no vazio
a pena e o poeta

(Fejones + Jardim)

sábado, junho 07, 2008

Ela

Ela vaga em solo impuro
Acariciando com a língua a banguela
A lua míngua no escuro

Enquanto à noite a minha janela
pula meu quintal de muro em muro
e devora as estrelas que olham por ela

E não importa se as portas
se abrem ou se fecham
As rotas não me importam

as horas já estão mortas
e por isso mesmo celebram
as mãos podres que despontam das hortas.

(moacir+cza)

sexta-feira, junho 06, 2008

semente

sou fruto de sentimento
que não larga o coração
não se traduz com perfeição
palavra nova
e velhos rabiscos
indizível que é

um misto de pensamentos
transgênicos
plantados no campo das idéias
se alimentam do mesmo adubo
dos sonhos
impossíveis que são

a seiva tinta da caneta
é extraída sem dó
para fecundar
dar vida
à minha vida

sou semente querendo germinar
nas mentes
e nos corações mais férteis

sou folhas brancas
caídas pelo chão
tentando criar raízes
para brotar poesia

(Ma + Jé)

quinta-feira, junho 05, 2008

ecos

dia vago
sem luz
ou afago

dia voa
não seduz
nem se diz
voz ecoa

dia vão
não reluz
só ao não

dia assim
se conduz
no estrago
até o fim
[Má & Mú]

quarta-feira, junho 04, 2008

um dom poema


todo bom poema
tem o seu dom:
roubar sorrisos,
e lágrimas;
mudar os tons
do tom.

todo bom poema
tem o seu dom:
de ir e vir,
ali e além,
romper o grau,
virar super-nova,
um bom poema
conserta, renova.

e além do mais
faz morada,
troca mobília
muda o velho, recria


é uma coisa séria,
bateu na alma,
reflete na matéria.

aline & múcio

terça-feira, junho 03, 2008

somos sinos sozinhos

só no nosso sono
somem sem som
a sombra dos sonhos

enquanto em alto e bom tom
sobem cortinas sem dó
sobre a dor de nossas sinas

expondo, assim, em praça aberta
sobre a luz dessas retinas
almas sozinhas, pesadelos tristonhos.

(aline + jardim)

segunda-feira, junho 02, 2008

climatempo

Passado frio
Que venta, venta
Nos faz tremer e inventa
Um velho jeito de inverter

Passado o vento
Que esfria, esfria
O próprio corpo esquenta
Um novo ontem pra aquecer

(czarina + jardim)

domingo, junho 01, 2008

Blog de 7 Cabeças - 2º aniversário - 2 cabeças por dia

Povos que têm visitado o nosso querido blog durante dois anos de existência (e persistência):

Preparamos uma surpresa bacana pra todos vocês!

Durante todo esse Mês de 2º Aniversário do B7C, teremos 2 cabeças por dia!
É isso mesmo! Poemas escritos a 2 cabeças -- ou a 4 mãos, que seja -- todos os dias deste mês de junho!

E, pra começar, um escrito da junção das cabeças de J.F de Souza e da Czarina!

Apreciem!


porque eu quero
ou porque não sei o quê
deixo tudo acontecer

deixo o mundo girar
só pra ver
o que será que vai ser

deixo a bola rolar
só pra ver
o time perder
ou a bola entrar
se vai escurecer
ou se vai clarear

deixo o mundo girar
só pra ver
como vai terminar
quem morre
quem casa
quem some
e quem continua igual

deixo a bola rolar
até ler o meu nome
no crédito final.

(Fejones + Czarina)



E não percam os próximos escritos! =)